A Medicina Chinesa pode ser um complemento na melhoria de diversos sintomas e condições, ao longo de toda a gravidez.
Uma das razões que conduz as grávidas à consulta de Acupuntura ou Medicina Chinesa é a apresentação pélvica do feto.
Numa minoria das gestações, o feto pode apresentar-se em posição pélvica o que significa que, está com a cabeça para cima e as nádegas para baixo, ou seja, está “sentado” sobre a pélvis da mãe.
Por sua vez, a apresentação cefálica que ocorre na maioria das gestações, é considerada a posição mais favorável para o parto normal e significa que o feto está posicionado de cabeça para baixo.
Em quadros de apresentação pélvica, o obstetra pode realizar uma manobra designada por Versão Cefálica Externa (VCE), na qual coloca as mãos no abdómen da grávida, virando lentamente o feto para a posição correta. Esta manobra é descrita como uma das estratégias possíveis para reduzir a taxa de cesarianas, no entanto, apesar das recomendações das sociedades médicas, a VCE é pouco praticada (1).
A Medicina Chinesa pode ser uma opção a considerar, mais especificamente o tratamento com recurso à acupuntura e moxabustão.
Segundo a teoria da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a desarmonia do qi e do sangue pode causar o mau posicionamento fetal. Considera-se que a aplicação de moxabustão no ponto zhiyin (67Bx) tonifica o yang qi e drena os canais, de forma a corrigir a posição fetal (2).
O mecanismo de ação desta técnica não é totalmente compreendido. Uma das hipóteses defende que a aplicação de moxabustão no referido ponto estimula a produção de prostaglandinas e estrogénios maternos, o que pode estimular o revestimento do útero a contrair-se suavemente, resultando em movimentos fetais (2).
No que diz respeito à evidência científica relativa à aplicação desta técnica, existem evidências de qualidade moderada de que a moxabustão associada aos cuidados habituais provavelmente reduz a possibilidade de apresentação não cefálica no nascimento (3).
Para além disso, em 2017, o Royal College of Obstetricians and Gynecologists (RCOG) incluiu a moxabustão e a acupuntura nas Diretrizes Green-top para versão cefálica externa e redução da incidência de apresentação pélvica, recomendando que as grávidas possam considerar o seu uso entre as 33 e 35 semanas de gestação (4).
Para a realização deste procedimento, existem alguns fatores de risco a serem tidos em consideração, tais como, oligoidrâmnio/polidrâmnio, problemas fetais conhecidos, sangramento vaginal, placenta prévia, historial de parto prematuro ou de rutura prematura de membranas, entre outros. Por esse motivo, é importante existir uma articulação entre o médico obstetra que acompanha a grávida e o Acupuntor e/ou Especialista de Medicina Tradicional Chinesa.
Referências bibliográficas:
1. Garcia, M., Batista, S., Milhinhos, C., & Clode, N. (2021). Percepção da manobra de versão fetal externa pela grávida. Acta Obstétrica E Ginecológica Portuguesa, 15(2), 125–129. http://www.fspog.com/fotos/editor2/08_aogp-d-20-00059.pdf
2. Liao, J.-A., Shao, S.-C., Chang, C.-T., Chai, P. Y.-C., Owang, K.-L., Huang, T.-H., Yang, C.-H., Lee, T.-J., & Chen, Y.-C. (2021). Correction of Breech Presentation with Moxibustion and Acupuncture: A Systematic Review and Meta-Analysis. Healthcare, 9(6), 619. https://doi.org/10.3390/healthcare9060619
3. Coyle, M. E., Smith, C., & Peat, B. (2023). Cephalic version by moxibustion for breech presentation. 2023(5). https://doi.org/10.1002/14651858.cd003928.pub4
4. Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. (2017). External Cephalic Version and Reducing the Incidence of Term Breech Presentation. BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology, 124(7), e178–e192. https://doi.org/10.1111/1471-0528.14466
Versão cefálica com acupuntura e moxabustão